sábado, 27 de março de 2010

O Cão Perdido

O cego segue por onde o guia segue.
O guia guia por onde o cego não sabe seguir sozinho.
Sozinho o cego não segue nem sequer por onde o guia segue.
Segue por que segue, e se segue, segue porquê o guia por ali segue.
Segura na mão, no braço, no espírito, na respiração do cego.
O cego segue os passos que o guia pisa.
Segue a música que canta nos seus ouvidos.
Ouve a música que o guia canta.
Canta para que o cego siga.
Segue, porque o guia segue o cego, que guia o cego que segue o guia, que guia o cego que é guiado pela guia do cão.
Late porque é música.
Música que o cego segue.
Segue porque tem que ir em frente.
Vai em frente porque tem que chegar.
Chega porque é o fim.
É fim porque o guia e o cego seguiram o caminho, um guiando o outro e não deixando nenhum para trás.
Atrás ficou o cão que se perdeu porque não tinha ninguém que o guiasse.
A guia do guia é a guia do cego e não a guia do cão.
O cão não guia, apenas acompanha.
O cego segue seguindo por onde o guia guia.

Um comentário:

Anônimo disse...

= ) Gostei! Compleexo ... q nem o autor hahua ;P É kase um trava língua. (Não o autor, mas o texto rs) Beijus ... Juliana