domingo, 4 de abril de 2010

Noutra Dimensão

Hoje meu coração amanheceu apressado.
Fora de ritmo, acalorado, intenso.
Numa vontade quase impossível de se medir.
Vontade esta tão grande de sentir.
Sentir tudo aquilo possível de se sentir.
Pois sabia, o vento da mudança se aproximava.
Vento tal que trazia as bem-aventuranças dos homens. Homens de coração.
Vento que trazia tudo que fosse renovador.
Novo sol, novo céu, nova água e terra.
Novo amor, novo olhar, ouvir e sonhar.
Tudo que fosse novo, este vento trouxe até meu coração.
Não digo que me surpreendi, pois já o esperava.
Aos poucos, já não fui o único que amanheceu ruborecido pela emoção.
Ao longe brilhava um caminho nunca antes trilhado.
E neste caminho haviam flores e frutos jamais vistos ou comidos.
Em outrora, meu coração teria sido insano.
Mas não hoje, quando muitos outros homens pisam pela primeira vez neste caminho livre para correr, saltar e voar.
Vi aos poucos chegar alguém carregado de fardos.
Fardos estes que representavam as memórias passadas de longínquos tempos e lugares.
Memórias que deveriam ser abandonadas no velho caminho.
Pois neste, somente era possível ir em frente despido. E despido significa ir além sem nada. Absolutamente!
No céu brilhavam estrelas à luz do sol.
Tão novo era este tempo e lugar que até novas canções os pássaros entoavam nas árvores.
Aos poucos, porém rapidamente, fui me acostumando àquela imensidão de cores e novidades.
As pessoas que passavam por mim eram sorridentes e aparentavam serenidade.
Andavam apressadas, entretanto demonstravam preocupação com aqueles que seguiam lentamente.
Meu coração definitivamente sentiu-se em casa.
E para longe eu rumei sem rumo.
Ouvia notas profundamente apaziguadoras.
Impeliam-me a seguir cantando. E era impossível fazer o contrário, pois todos convidavam a cantar o mesmo som, no mesmo ritmo, na mesma afinação.
Vez ou outra um conhecido me encontrava.
Sorria e convidava a todos para correr em frente.
Sem esperar por companhia seguia na frente clamando e divulgando sua liberdade.
De fato, estávamos todos livres naquele lugar.
Sem corpo, sem grilhões, sem conceitos.
Luz infinita, asas e pura paixão num viver nunca antes experimentado.